terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Concessão da Hidrovia do Rio Paraguai e suas consequências ao Pantanal


    O Pantanal viveu um ano atípico em 2024, marcado por eventos críticos como escassez hídrica inédita, recordes de incêndios, e o menor nível do Rio Paraguai sendo o pior registro de -69 cm. Nesse contexto, o Governo Federal lançou a concessão da hidrovia do Rio Paraguai, iniciativa que dividiu opiniões entre defensores do meio ambiente e setores econômicos.

    A concessão, que prevê investimentos de R$ 63,7 milhões nos primeiros cinco anos, inclui dragagens e derrocagens para garantir a navegabilidade ao longo de 590 km do rio. Ambientalistas alertam para os riscos dessas intervenções no cenário atual de mudanças climáticas. Estudos apontam que a dragagem pode acelerar a vazão da água, reduzir o período de inundação e comprometer a biodiversidade.

    Sandro Menezes, doutor em Biologia Vegetal, destacou que essas mudanças podem transformar o Pantanal em um Cerrado seco e suscetível a incêndios. Ele afirma que, “em um contexto de eventos climáticos extremos, a dragagem intensifica a seca e afeta toda a biosfera”.Em carta aberta à União, um grupo de 40 cientistas especializados no bioma descreveu como “temerária” a execução de dragagens durante a atual crise hídrica. A carta alertou para a desconexão entre o rio e suas planícies de inundação, com consequências graves para habitats críticos e a biodiversidade.


Eminente extinção do Pantanal

    A principal característica do Pantanal é sua condição de planície alagável, com um regime sazonal de cheias e secas. No entanto, a seca severa de 2024 trouxe um cenário alarmante: lagoas secas, ausência de navegação e recordes de queimadas. O rio atingiu o menor nível nos últimos 124 anos desde quando iniciou-se as medições no ano de 1900. Ambientalistas apontam que, sem as áreas alagadas, o Pantanal perderá sua identidade, transformando-se em um bioma mais seco, semelhante ao Cerrado.

    Renomados cientistas chamam atenção para o risco de colapso do Pantanal, um alerta reforçado por ONG's extremamente atuantes no processo de cultivo, pesquisa e preservação do bioma nativo pantaneiro. Destaca-se que ações para reverter o processo são possíveis, mas terão impacto apenas a médio e longo prazo.

Concessão e riscos ao meio ambiente

    A concessão do Rio Paraguai representa um marco inédito no Brasil. Prevista para durar 15 anos, prorrogáveis, a medida exige investimentos em infraestrutura, compensação ambiental e preservação de patrimônios naturais e culturais.

    A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) indicou que, dos R$ 63 milhões projetados para investimentos iniciais, cerca de metade será destinada às dragagens. Além disso, a empresa responsável pela concessão da hidrovia do Rio Paraguai deverá lidar com comunidades ribeirinhas, terras indígenas e áreas de preservação, garantindo estudos e autorizações ambientais detalhados.

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