quarta-feira, 15 de outubro de 2025

VOCÊ SABE O QUE É O BANCO VERMELHO?

 

O Banco Vermelho é mais do que uma peça de mobiliário urbano. É um memorial silencioso e, ao mesmo tempo, um grito visual contra a violência de gênero. Instalado em praças, prédios públicos, universidades e locais de grande circulação, o banco pintado de vermelho carrega um propósito nobre: lembrar as vítimas de feminicídio e alertar a sociedade sobre a urgência do combate à violência contra as mulheres.

A origem do movimento remonta à Itália, em 2016, quando o projeto La Panchina Rossa (O Banco Vermelho) foi criado como uma forma de sensibilizar a população sobre o número crescente de mulheres mortas por seus companheiros ou ex-companheiros. A ideia se espalhou rapidamente por outros países, tornando-se um símbolo universal de luta e memória. No Brasil, o movimento ganhou força graças às pernambucanas Andrea Rodrigues e Paula Limongi, que trouxeram o projeto para o país e criaram o Instituto Banco Vermelho.

O simbolismo da cor vermelha é profundo e perturbador. Representa o sangue derramado, a dor e o silêncio imposto às mulheres vítimas de violência doméstica e feminicídio. Ao mesmo tempo, o vermelho também é a cor da força, da coragem e da transformação, evocando a esperança de uma sociedade mais justa e igualitária. Assim, cada banco pintado se torna um lembrete permanente de que a violência contra a mulher não pode ser normalizada nem esquecida.

No Brasil, o movimento ganhou ainda mais visibilidade em 2024, com a aprovação da Lei nº 14.942/2024, que instituiu oficialmente o Banco Vermelho como instrumento de conscientização e memorial público. A lei autoriza a instalação desses bancos em espaços públicos, acompanhados de mensagens educativas e informações sobre canais de denúncia, como o Disque 180, o principal canal nacional de atendimento a mulheres em situação de violência.

Essas instalações também se conectam à campanha Agosto Lilás, mês dedicado ao enfrentamento da violência doméstica e familiar. Ao unir arte, mobilização social e política pública, o Banco Vermelho transforma o espaço urbano em um território de empatia e educação, despertando em quem passa a responsabilidade coletiva de combater o machismo e proteger vidas.

Em muitas cidades brasileiras, os bancos trazem frases marcantes, como “Em memória de todas as mulheres assassinadas pelo machismo” ou “O silêncio mata”. Alguns possuem QR codes que direcionam o público a sites de apoio, legislação e serviços especializados. É uma ação simples, mas de grande impacto simbólico, que transforma o cotidiano em um lembrete visual da luta por respeito e igualdade.

Mais do que uma homenagem, o Banco Vermelho é um convite à reflexão. Ele nos faz pensar sobre o papel de cada pessoa na construção de um ambiente seguro para mulheres e meninas — dentro de casa, nas ruas, no trabalho e em todos os espaços sociais. Cada banco é um ponto de memória coletiva, onde a ausência de uma voz se transforma em presença, e a dor se converte em mobilização.

Em tempos em que os índices de feminicídio ainda assustam, o Banco Vermelho se afirma como uma iniciativa essencial. Ele une o poder simbólico da arte pública à necessidade urgente de mudança cultural. E, enquanto houver uma mulher em risco, o vermelho continuará a brilhar nas praças do país lembrando a todos que nenhuma vida deve ser perdida para o machismo.

Em Campo Grande o Banco Vermelho recebeu uma homenagem especial: ele foi instalado no MPT-MS em memória de Vanessa Ricarte, jornalista servidora assassinada. Esse ato, identificado pela hashtag #JustiçaPorVanessa, reuniu colegas, parentes e a comunidade, que vestiu preto como expressão de luto e apelo por justiça. Como parte desse movimento, foi aprovado na Câmara Municipal o Projeto de Lei nº 12.069/2025, que institui o Programa Banco Vermelho no município de forma permanente, tornando o símbolo mais do que gesto,  uma política pública constante de alerta, conscientização e combate à violência de gênero.

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