segunda-feira, 2 de junho de 2025

Educação e ressocialização: projeto nacional chega ao sistema prisional de MS com proposta de transformação social

 Biblioteca Prisional e leitura como instrumento para ressocialização do  indivíduo – Biblioo

Na última semana, unidades prisionais de Mato Grosso do Sul receberam a visita do juiz federal Rafael Wolff, representante da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), como parte do processo de implantação do projeto “Ajufe por um Mundo Melhor”. A iniciativa, de alcance nacional, busca promover a transformação social por meio da educação e capacitação profissional de pessoas privadas de liberdade, além de alcançar servidores e familiares de detentos.

A ação é fruto de uma parceria entre a Ajufe e o Instituto Mundo Melhor (IMM), entidade responsável pelo financiamento e fornecimento da plataforma educacional. O projeto oferece gratuitamente cursos em diversas áreas do conhecimento, como educação básica, informática, línguas, saúde, administração, hotelaria, empreendedorismo e governança doméstica.

Ressocialização pela qualificação

De acordo com o juiz Rafael Wolff, a proposta vai além de ações pontuais de ensino. O projeto visa criar uma verdadeira ponte entre o cárcere e a reintegração social, oferecendo ferramentas concretas para que os custodiados tenham a oportunidade de reconstruir suas trajetórias.

“O objetivo principal é promover a ressocialização por meio do acesso à educação de qualidade e à formação profissional, o que é essencial para reduzir a reincidência criminal e permitir uma reinserção digna no mercado de trabalho e na sociedade”, explicou Wolff.

Com a adesão de Mato Grosso do Sul — o 15º estado a integrar a iniciativa —, amplia-se a meta de democratizar o acesso ao ensino dentro do sistema penitenciário brasileiro. O estado, que possui mais de 20 mil pessoas custodiadas, vê na chegada do projeto uma oportunidade de avançar em políticas públicas voltadas à reinserção social.

Cursos e estrutura pedagógica

Os cursos ofertados abordam tanto áreas técnicas quanto habilidades pessoais, promovendo uma formação integral. Entre os módulos disponíveis estão: informática básica e avançada, empreendedorismo, cuidados com idosos, saúde da mulher, culinária, liderança, empregabilidade, ética e sustentabilidade. O conteúdo é oferecido por meio de uma plataforma digital e pode ser acessado em ambientes informatizados já existentes nas unidades.

Segundo Maria de Lourdes Delgado Alves, diretora de Assistência Penitenciária da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), está sendo elaborado um Termo de Colaboração Mútua para formalizar a implantação dos cursos nas unidades com laboratórios de informática. Ela destaca ainda que os policiais penais responsáveis pelos setores de educação também passarão por capacitação para que possam atuar como facilitadores do projeto.

Estrutura pronta para começar

Durante a visita técnica, o juiz Rafael Wolff destacou positivamente a estrutura já existente nas unidades de Mato Grosso do Sul. Muitas delas contam com salas de informática já montadas, com rede cabeada e prontas para uso. Essa infraestrutura facilita a implementação imediata das atividades e acelera o início das capacitações.

Além da formação dos internos, o projeto também prevê que servidores penitenciários, colaboradores e até familiares dos detentos tenham acesso ao conteúdo, ampliando o impacto social e promovendo um ambiente de inclusão e desenvolvimento.

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Educação como ferramenta de esperança

O “Ajufe por um Mundo Melhor” parte do princípio de que a educação é uma das mais poderosas ferramentas de transformação social, especialmente em ambientes historicamente marcados pela exclusão. A iniciativa vem se consolidando como um exemplo de política pública humanizada e eficaz, que alia tecnologia, voluntariado e políticas de inclusão.

Mais do que um programa de ensino, o projeto representa uma mudança de paradigma: mostra que mesmo dentro dos muros do sistema prisional, é possível cultivar esperança, dignidade e novos começos.

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